Museu Municipal de Estremoz
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D. Quirina (Colecção Prof

A Matança do porco é um dos dias mais especiais da tradição alentejana rural. É mesmo um dia de festa, um dia “bem comido e bebido”! Muitas famílias do mundo rural criam o seu porco durante meses, até que chega uma altura em que decidem proceder ao seu abate. Normalmente até se costuma matar mais de um animal.

Vários homens e rapazes, normalmente 4 ou 5, e uma mulher participam na Matança. Este abate é feito com a “Faca da matança”, que geralmente é uma faca longa e afiada, a qual é cravada num só golpe na jugular do suíno (geralmente quem faz o abate é um homem com experiência, para o animal não sofrer).

O sangue escorre então abundantemente para dentro de um recipiente em barro (alguidar), que vai sendo mexido por uma mulher, para não coalhar. Com este sangue se faz a célebre receita da “Cachola” (ou “Rexina) e enchidos chamados de sangue. Outra parte do sangue não é mexido, é cozido aos bocados, para depois ser temperado com alho, azeite e vinagre.

Depois de sangrado, o bicho é raspado. Para tal recorre-se ao fogo (em tempos mais antigos, fazia-se um lume com ramagens bravias, nas quais se pegava com forquilha para ir passando pela pele do suíno, hoje é usual utilizar um maçarico) para queima dos pêlos e da primeira pele. Um pedaço de telha ou um ferro (chamado “Raspadeira”), é vigorosamente passado pelo animal assim que passa o fogo, para raspagem e respectiva limpeza. Com água ao balde, ou mangueira, lava-se o bicho.

Abre-se de seguida um rasgão na pele que antecede os tendões das patas traseiras, para se pendurar o porco no “Chambaril” (peça em madeira arqueada, pendurada numa trave forte com corda). Um homem hábil abre da cabeça ao anús o porco, cujo interior cai de um tropeço num alguidar. Com os órgãos e demais tripas fazem-se os mais variados petiscos e pratos. As tripas, depois de limpas, servem para fazer os tradicionais enchidos. Depois de lavado o interior do animal, deixa-se a carne esfriar por 24h, coberta com um pano branco.

Entretanto é usual os participantes na matança assarem em lume de chão, uns bons nacos do porco, comerem bocados de sangue coado bem temperado, ao mesmo tempo que bebem um bom tinto local. Aqui se contam proezas de outras matanças e boas anedotas. Passadas as 24h, vai para cima de uma bancada limpa e corta-se o animal nas suas mais variadas partes. Fazem-se os enchidos, tarefa normalmente executada pelo sexo feminino.

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